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Entre 1969 e 1972, doze astronautas pousaram na Lua. Quando retornaram à Terra trouxeram amostras e dados que nos ajudaram a entender melhor o universo. Mas o que eles deixaram lá na lua? Além das pegadas e de alguns equipamentos, alguns deles deixaram uma marca única.
Em 1971, durante a missão Apollo 14, o astronauta Alan Shepherd carregava um taco de golfe, um Wilson Six Iron modificado. Ele acertou duas bolas na superfície da lua, e elas ainda estão lá até hoje. Durante a missão Apollo 16, o astronauta Charles Duke levou uma foto com sua família. A foto foi emoldurada e assinada por Duke, embrulhada em um saco plástico e deixada na superfície da lua.
No filme O Primeiro Homem, de 2018, baseado na autobiografia autorizada de James Hansen, onde Ryan Gosling aparece como Neil Armstrong, ele faz dessa ideia o grande final do filme. Um dos momentos mais dramáticos do final do filme mostra Neil Armstrong parado na beira de uma cratera, segurando uma pulseira com o nome de sua filha Karen, falecida sete anos antes. Armstrong joga a pulseira nas profundezas da cratera com lágrimas escorrendo pelo rosto. É uma cena forte que conclui a longa e desafiadora jornada de chegar à lua e lidar com a própria perda. Ao longo do filme, Neil é retratado como distante e silencioso, ainda lidando com a perda de sua filha. Karen, de dois anos fez um tratamento para combater um tumor cerebral mas infelizmente acaba não sobrevivendo. Ele nunca fala com ninguém sobre ela, exceto em uma pequena cena do filme. Ao longo do filme ele está de luto, e a viagem à lua faz parte de sua trajetória no processo da perda.
Só há um problema. Não há nenhuma evidência real até este momento de que Neil Armstrong realmente tenha deixado uma pulseira na lua. Na vida real, não há registro de pulseira no inventário do carregamento levado à Lua com Neil Armstrong e sua tripulação.
James Hansen, autor do livro O Primeiro Homem, cita Neil Armstrong no livro, “Não levei nada além de mim mesmo para a lua”. Honrar a memória de sua filha na superfície da Lua teria sido poético. Hansen escreveu: “O que teria tornado o primeiro pouso na Lua mais profundo para toda a humanidade do que um pai honrando a preciosa memória de sua filha? “Um de seus brinquedos, algumas de suas roupas, um fio de cabelo.”
O desejo de Armstrong de levar consigo algum tipo de lembrança foi o que deu a Josh Singer a ideia de escrever a cena do bracelete. “Se não fosse a esperança de um historiador, eu não a teria incluído”, disse Singer numa entrevista.
Essa ideia de Neil fez algo muito particular para se lembrar de sua filha e encerrar sua dor é algo poderoso. Quando você pensa sobre isso, bem…é apenas um objeto, são apenas pedaços de átomos. Por que um objeto importa?
Todos os dias interagimos com todos os tipos de objetos. No entanto, temos esta curiosa tendência de imbuir objetos de significado e importância, ou muitas vezes eventos importantes em nossas vidas transformam um objeto comum em algo muito mais significativo. Pense na camisa favorita do seu pai, ou no cobertor que você usava quando criança, ou no anel de noivado da sua mãe.
No filme O Primeiro Homem, a pulseira da filha de Neil se torna um sinal de sua filha. Mas também se torna uma espécie de talismã que explica por que ele está indo para a lua e lhe dá forças para completar seu processo de luto. A pulseira torna-se algo que lhe dá motivação e força. Obviamente, uma pulseira nunca substituiria a filha, mas, permitiu-lhe perseverar nesta jornada perigosa, em momentos em que lhe faltaria forças para continuar, lembrando-se por que ele estava indo, em primeiro lugar.
Talvez Neil Armstrong não tenha deixado a pulseira da filha na lua. Talvez ele simplismente tenha carregado consigo. Ou talvez ele nem usasse a pulseira. Mas é impossível negar o poder destes lembretes, destes objetos especiais, e não apenas objetos, mas também canções ou tradições. Os humanos são seres físicos e seres espirituais. Precisamos de coisas físicas, de sinais, que sejam cheios de significado para nos ajudar em nosso caminho.
A Igreja Católica oferece muitos sinais que nos mostram algo mais profundo, e são chamados de sacramentais. Esses objetos ou ações direcionam nossa atenção para a ação de Deus no mundo e em nossas vidas.
Que lembranças você tem de sua vida? De quais momentos você costuma se lembrar? E o que eles te recordam, te movem e te motivam?